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Mensagens

"O Parto Ficcionado do Amor Incondicional: Teatro da Ilusão"

Atualmente, habitamos um cenário onde as fronteiras entre o real e o imaginário se esbateram, deixando de estar claramente separadas, ou, até mesmo, de poderem ser defendidas através de simples lógica! Na medida em que as emoções procuram lugares de expressão e reconhecimento onde antes se encontrava a biologia, relação direta e vínculo autêntico. E é precisamente nas franjas dessa dissolução simbólica e afetiva que surgem certos fenómenos, podendo à primeira vista parecer inofensivos ou talvez somente excêntricos, mas que, analisados com lente de aumento crítica, revelam camadas profundas de solidão, sofrimento e busca desesperada por sentido! Um desses fenómenos, é o universo dos “bebés reborn” — existente há já várias décadas, mas que recentemente voltou à baila com relativa exposição —, que se desdobra em práticas como simulações de partos, festas de aniversário, e até mesmo, rotinas de cuidado totalmente investidas de afeto e “performatividade hiper-real.” Mas, o que está verdadei...

"A Leitura Como Transformação e Não Como Acumulação: A Importância da Qualidade Sobre a Quantidade"

Mais importante do que perguntar: "Quantos livros leste no mês passado?" Deve-se perguntar: "Que livros andas a ler?" Sabendo de antemã o que, ler muito não significa absolutamente NADA! No mundo contemporâneo, onde a quantidade e a velocidad e são glorificadas, e em que o ato de “ter” é frequ entemente valorizado acima do que constitui “ser”, a leitura: uma atividade que exige tempo, entrega e reflexão profundida, muitas vezes torna-se vítima dessa mentalidade apressada e influenciável das métricas sociais. Lembrando que, essas métricas, na maior parte das vezes são um elemento de promoção e validação, raramente o são de realização pessoal, pois essa não é quantificável, e sim qualitativa. O conceito de leitura como uma “maratona” — onde o leitor busca percorrer o maior número de páginas possível num período de tempo reduzido, ou ler o maior número de livros num mês, ano... — tem vindo a ganhar tração nas redes sociais, particularmente com o aumento de desafios li...

E nada mais foi como Dante...

34 “«Oh!», disse eu então, «pai, que sons são estes?»       E como perguntava, eis outra se erga  36 dizendo «Amai os de quem mal houvestes.»       Diz o bom mestre: «Este círculo verga  38 culpas da inveja e por isso são       feitas de amor as cordas dessa verga.       (…)    52 Não creio que na terra em tão atroz       dureza alguém não fosse compungido  54 por compaixão dos que vi la após;       (...)    67 E tal o sol que aos cegos não vier,        assim às sombras de que falo agora  69 a luz do céu com elas nada quer;       que arame suas pálpebras escora,  71 e cose, qual falcão que se asselvage,       porque ele, assim, quieto não demora.       (...)    82 do outro lado, às pias sombras, só de       tanto ser...

21 de Março - Dia Mundial da Poesia

E como hoje é dia mundial da poesia, aqui fica o meu singelo contributo... "O lugar mais calmo da terra" Num campo vasto e verdejante, Onde o vento canta em leve harmonia, Ergue-se um carvalho adiante, Guardião da sombra em silêncio, à hora mais tardia. Sob seus galhos repousa um viajante, Escape do mundo, para a mãe que dá colo. Coberto da sombra fresca e envolvente, Goza de refúgio, paz e consolo. Pássaros chilreiam em notas serenas, Trinam canções de encantos diversos. A brisa essa, sussurra palavras esquecidas, Diálogo profundo em corações submersos... Naquele solo macio, a natureza é arte. Flores silvestres adornam o chão, Cada pétala é um detalhe à parte, Desenhando fantasias de sentidos à emoção. E o céu azul, de nuvens a brincar, Reflete o remanso dum lugar encantado, Em que o tempo cansado, mais-quereu parar, Num ponto eterno, perpetuamente sagrado. Folhas dançam no suave ondular do vento, Segredando histórias ao ouvinte atento, Murmúrios agridoces de des(alento), E...

A Substância (2024) - Filme Review

  «A Substância» (2024), filme protagonizado por Demi Moore, Margaret Qualley e dirigido por Coralie Fargeat foi um dos grandes nomeados aos Óscares deste ano. Para ser sincero, não é meu apanágio assistir “filmes de óscares”, muitos menos enquanto ainda pululam nas tendências, com toda a gente a dar as suas opiniões e contraopiniões a torto e a direito. Contudo, o filme surgiu-me à frente na minha plataforma de streaming , e por curiosidade, lá decidi assistir...   Bom, posso definitivamente confessar que foi um erro!     O filme inicia com uma premissa relativamente interessante, a crítica social à estrutura patriarcal e à mercantilização do corpo feminino que permeia a indústria televisiva de entretenimento, esse autêntico “mercado da beleza”, fomentador de padrões de beleza irreais, ainda altamente controlado por uma lógica machista e patriarcal, onde a obsessão perene pela juventude de um ideal que beira o quimérico, se converte num espelho distorcido da so...